Esse ano foi tudo diferente.
Sem meus pais, meu irmão...
Uma falsa independência desnecessária pra um dia como esse. Logo eu, que sempre fui tão agarrada, grudada, necessitada...dependente.
Mas a escolha tinha sido minha e eu tinha que aprender a lidar com isso. Afinal, já são duas décadas. Não sou mais aquela garotinha de 9 anos que viajava e, quando via o sol ir embora, começava a chorar. E chorava até conseguir ouvir a voz dos pais. Não é mais assim. Não pode mais ser assim.
Voltando ao dia, ou melhor, ao meu dia, ele foi cheio de boas novidades.
Eu não acordei sozinha e, ao perceber isso, confirmei que a amizade era de verdade mesmo. Mais do que isso, era recíproca. Uma presença que naquele dia foi mais do que especial, foi fundamental.
O resto do dia já estava programado: almoço na tia, encontro com os amigos pra cantar aquele parabéns de sempre, jogar conversa fora - tudo o que eu tinha em mente.
Foi quando, de onde eu não tinha pretensão alguma, surgiu a melhor parte daquele dia. Uma ligação, um encontro, uma surpresa, um presente. O presente mais lindo que eu já recebi, diria. Então, uma ligação, um encontro, uma surpresa, o presente mais lindo que eu já recebi e só.
Isso foi o suficiente pra alimentar tudo o que eu já estava sentindo por mais alguns meses.
Fiquei ali, paralisada. Olhava, ria, ouvia e sequer conseguia falar direito.
Viajei no dia seguinte e, querendo ou não - ok, confesso que a essa altura da história eu queria e muito - essa história não parava de martelar na minha mente.
Até hoje não consegui entender o que se passava na cabeça dele ao fazer o que fez.
Só sei que foi a melhor coisa que ele já fez por mim.
E, sem dúvida alguma, a pior também.